Quem você vai colocar no seu ônibus?

O mais importante numa empresa e num líder é a capacidade de escolher o time.

Quem você vai colocar no seu ônibus

Sei que muitas vezes as empresas contratam na ordem do possível, não na ordem do ideal.

Eu faço parte da banda de românticos que ainda acredita que o mais importante numa empresa e num líder é a capacidade de escolher o time.

Acho interessante a metáfora do «ônibus» que Jim Collins usa. Um ônibus tem lugares limitados e é uma máquina de locomoção. Quem está no controle desse ônibus deveria considerar as seguintes prioridades:

  1. Desembarcar as pessoas erradas e embarcar as certas;
  2. Colocar as pessoas certas nas poltronas certas;
  3. Decidir a rota a ser seguida junto com as pessoas certas.

Enquanto a maioria das poltronas não estiver ocupada pelas membros certos, o comandante não deveria ter outra prioridade senão encontrá-los.

E isso não vale apenas para a Alta Direção ou Comitê Gestor. É preciso ter os profissionais certos em todos os níveis da empresa.

Para evoluir, é preciso abraçar a mudança, e a mudança implica o discernimento tanto para saber quem deve entrar quanto quem deve sair, já que o espaço é limitado; e implica saber tanto o que fazer quanto o que parar de fazer, já que o tempo é limitado.

Há que desapegar de velhas práticas para inovar. Muito daquilo que funcionou para passar de 10 funcionários a 100 não vai servir para passar de 100 a 1000. É essa dinâmica que faz as empresas mais fortes no tempo. Saiba fazer entrar, mas não deixe de saber fazer sair.

Apetece citar uma estrofe do Gabriel dito O Pensador:

«Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente / A gente muda o mundo na mudança da mente / E quando a mente muda a gente anda pra frente / (…) Na mudança de postura a gente fica mais seguro / Na mudança do presente a gente molda o futuro.»

Saiba também mudar o cenário, a flora e a fauna. O mundo é composto de mudança, já escrevia Camões no longínquo séc. XVI. Sempre haverá surpresas, surpresas que trazem novos desafios. 

Encarar os novos desafios com coragem é cada vez mais vital — mesmo que isso traga problemas e incômodos — ao invés de buscar a solução “mais à mão”.

Desafios são oportunidades de melhoria e más decisões tomadas com boas intenções serão sempre más decisões.

Navegar é preciso, viver não é preciso, e agora cito Fernando Pessoa citando o general romano Pompeu, que encorajava os receosos marinheiros com a frase «Navigare necesse, vivere non est necesse».

Empreender é sair da costa conhecida e enfrentar o horizonte indomado. O caminho, esse, carece de precisão, não há rota definida, os mares e as marés são instáveis, vivemos diante mudanças imprevisíveis: hoje tudo é transformação. É necessário abraçar a mudança, unindo a criatividade à disciplina.

O que faz a diferença é ter, ao longo do caminho, gente boa, gente competente, com garra e ganas, alinhada aos valores da empresa e perseguindo o mesmo sonho. Gente fera do seu lado, perita em suas armas, que esteja motivada e pronta para ajudar. É assim que se enfrentam as tempestades.

E é assim que se constrói o futuro.

Muna-se das pessoas certas e deixe-as trabalhar. Mas deixe-as realmente trabalhar, com autonomia e em contato com gente admirável.

Com as pessoas certas nos lugares certos, num ambiente onde se sintam estimuladas a participar e se vejam como parte importante do negócio, elas usarão ao máximo as suas capacidades em favor da empresa. 

O pulo do gato com os talentos não está em motivá-los, mas em evitar que a própria empresa os desmotive.

Minha empresa é um pedaço muito importante da minha vida, é minha comunidade, meu bairro, meu exército. O que faz a diferença na vida são as pessoas.

Então, quem você vai colocar no seu ônibus? Quem vai estar do seu lado no campo de batalha?

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