Sei que muitas vezes as empresas contratam na ordem do possível, não na ordem do ideal.
Eu faço parte da banda de românticos que ainda acredita que o mais importante numa empresa e num líder é a capacidade de escolher o time.
Acho interessante a metáfora do «ônibus» que Jim Collins usa. Um ônibus tem lugares limitados e é uma máquina de locomoção. Quem está no controle desse ônibus deveria considerar as seguintes prioridades:
- Desembarcar as pessoas erradas e embarcar as certas;
- Colocar as pessoas certas nas poltronas certas;
- Decidir a rota a ser seguida junto com as pessoas certas.
Enquanto a maioria das poltronas não estiver ocupada pelas membros certos, o comandante não deveria ter outra prioridade senão encontrá-los.
E isso não vale apenas para a Alta Direção ou Comitê Gestor. É preciso ter os profissionais certos em todos os níveis da empresa.
Para evoluir, é preciso abraçar a mudança, e a mudança implica o discernimento tanto para saber quem deve entrar quanto quem deve sair, já que o espaço é limitado; e implica saber tanto o que fazer quanto o que parar de fazer, já que o tempo é limitado.
Há que desapegar de velhas práticas para inovar. Muito daquilo que funcionou para passar de 10 funcionários a 100 não vai servir para passar de 100 a 1000. É essa dinâmica que faz as empresas mais fortes no tempo. Saiba fazer entrar, mas não deixe de saber fazer sair.
Apetece citar uma estrofe do Gabriel dito O Pensador:
«Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente / A gente muda o mundo na mudança da mente / E quando a mente muda a gente anda pra frente / (…) Na mudança de postura a gente fica mais seguro / Na mudança do presente a gente molda o futuro.»
Saiba também mudar o cenário, a flora e a fauna. O mundo é composto de mudança, já escrevia Camões no longínquo séc. XVI. Sempre haverá surpresas, surpresas que trazem novos desafios.
Encarar os novos desafios com coragem é cada vez mais vital — mesmo que isso traga problemas e incômodos — ao invés de buscar a solução “mais à mão”.
Desafios são oportunidades de melhoria e más decisões tomadas com boas intenções serão sempre más decisões.
Navegar é preciso, viver não é preciso, e agora cito Fernando Pessoa citando o general romano Pompeu, que encorajava os receosos marinheiros com a frase «Navigare necesse, vivere non est necesse».
Empreender é sair da costa conhecida e enfrentar o horizonte indomado. O caminho, esse, carece de precisão, não há rota definida, os mares e as marés são instáveis, vivemos diante mudanças imprevisíveis: hoje tudo é transformação. É necessário abraçar a mudança, unindo a criatividade à disciplina.
O que faz a diferença é ter, ao longo do caminho, gente boa, gente competente, com garra e ganas, alinhada aos valores da empresa e perseguindo o mesmo sonho. Gente fera do seu lado, perita em suas armas, que esteja motivada e pronta para ajudar. É assim que se enfrentam as tempestades.
E é assim que se constrói o futuro.
Muna-se das pessoas certas e deixe-as trabalhar. Mas deixe-as realmente trabalhar, com autonomia e em contato com gente admirável.
Com as pessoas certas nos lugares certos, num ambiente onde se sintam estimuladas a participar e se vejam como parte importante do negócio, elas usarão ao máximo as suas capacidades em favor da empresa.
O pulo do gato com os talentos não está em motivá-los, mas em evitar que a própria empresa os desmotive.
Minha empresa é um pedaço muito importante da minha vida, é minha comunidade, meu bairro, meu exército. O que faz a diferença na vida são as pessoas.
Então, quem você vai colocar no seu ônibus? Quem vai estar do seu lado no campo de batalha?